Pesquisa mostra: ovitrampas é uma armadilha

por: Bárbara Fernandes, estagiária em graduação, ObEXC
25/01/2018 - 16:31 - atualizado em 31/01/2018 - 09:11

Sob coordenação do professor João Carlos de Oliveira, docente na Universidade Federal de Uberlândia, na Escola Técnica de Saúde (Estes/UFU), acontece desde agosto de 2017, o monitoramento de vetores por meio de ovitrampas, que é o acompanhamento da proliferação do mosquito Aedes aegypti em zonas de risco.  A ação é realizada em parceria com o Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidários (Cieps), órgão da Pró-Reitoria da Extensão e Cultura (Proexc/UFU), e com a Associação de Recicladores e Catadores Autônomos (Arca).

 

Armadilha utilizada: Ovitrampa

 

A iniciativa faz parte de um projeto maior que trabalha com a educação e saúde de populações em estado de vulnerabilidade social. O projeto abrange as áreas de pesquisa, ensino, extensão e gestão. Para o monitoramento de vetores, o coordenador da ação submeteu a ideia ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (Pibic) Júnior, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp), que atua em parceria com escolas estaduais de Ensino Médio da cidade de Uberlândia. O projeto conta hoje com dois bolsistas (Pibic Jr/Propp/UFU) da Escola Estadual Messias Pedreiro, os estudantes: Thaina Paiva e Lucas Geneir Ferreira.

Oliveira conta que o trabalho de monitoramento de vetores já era realizado em ambientes rurais, porém, constatou-se que a presença dos mosquitos na área urbana era mais significativa. Dessa forma, a iniciativa surgiu com o objetivo de buscar quais são os vetores presentes e qual o comportamento deles. Segundo o coordenador, a Arca foi selecionada como local de estudo por ter em seu espaço o acúmulo de resíduos suscetível ao surgimento de criadouros do mosquito Aedes aegypti, e por abrigar uma comunidade que necessita de orientações sobre saúde ambiental.

A Arca é um empreendimento popular do setor de reciclagem de resíduos sólidos, vinculada ao Cieps. Hoje a Associação conta com 30 membros e dentre suas finalidades, está a defesa, preservação, conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável, além de contribuir com o fortalecimento da atividade dos catadores de materiais recicláveis da cidade de Uberlândia-MG.

O professor João Carlos, coordenador da ação, esclarece que o processo como um todo é de promoção da saúde, e que o monitoramento de vetores é apenas uma etapa, um meio. Oliveira evidencia que o monitoramento é técnico, mas que a metodologia é feita em interação com a comunidade do local, para que ela saiba como fazer a eliminação de criadouros. “Nós conversamos sobre a importância do trabalho deles, a importância da eliminação dos criadouros”, relata Oliveira. O processo de escolha dos locais de instalação das armadilhas foi feito em diálogo com os catadores.

Ovitrampas, armadilha usada para o monitoramento dos mosquitos, simula o ambiente perfeito para a procriação do Aedes aegypti. O professor explica que nessa situação há um duplo sentido na palavra “armadilha”, pois além de realizar a captura do ovo da fêmea do mosquito, ela também é um pretexto para a construção de outras atividades sociais. “A gente não quer mostrar o ovo pelo ovo, a gente quer que eles percebam que nós temos que trabalhar a promoção da saúde”, diz.

Além do monitoramento, o Cieps ajudou na criação de uma horta no entorno do local, para consumo das pessoas da própria Associação. O professor acredita que o cuidado com o espaço físico, com o local de trabalho é essencial para a melhoria de vida. Ele adianta que há uma proposta da professora Cristiane Betanho, coordenadora do Cieps, para orientar os associados sobre a gestão de uma cooperativa.

O projeto trabalha com a questão da responsabilidade coletiva – diálogo entre o professor coordenador do projeto, Cieps e Arca. “Não sou eu que vou chegar lá para eles e ficar dizendo “limpe o seu local de trabalho”. Eu ajudo a limpar também”, finaliza Oliveira.

João Carlos de Oliveira é Doutor e Mestre em geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Graduado em Estudos Sociais e Geografia pela UFU. Possuí especialização em Ciências do Ambiente pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília (UnB/DF) e Psicopedagogia Clínica pela Escuela de Psicopedagogia de Buenos Aires, Argentina (EPSIBa). Atua como professor na área de Educação e Saúde Ambiental; na Escola Técnica de Saúde (Estes) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). No segundo semestre de 2017 visitou cidades em Moçambique, na África, incluindo sua capital Maputo, como parte de estudos de sua pesquisa:  “Mobilização social em microterritório no monitoramento de vetores por meio de ovitrampas enquanto promoção de educação e saúde.”

 

Serviço - Equipe Observatório de Extensão e Cultura (ObEXC Proexc): Bárbara Fernandes, estagiária de graduação em Jornalismo; Eduardo Gomes, estagiário de graduação em Design; e supervisão de José Amaral Neto, coordenador do ObEXC.